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Grandes negócios podem ser péssimos investimentos se você pagar caro por eles 

Grandes negócios podem ser péssimos investimentos no mundo dos investimentos, a busca por negócios de alta qualidade e excelente potencial de crescimento é constante. Entretanto, é crucial lembrar que até mesmo os melhores negócios podem se tornar investimentos ruins se você pagar um preço alto demais por eles. Neste artigo, vamos analisar como avaliar um negócio e o que considerar antes de fazer um investimento.

Levou cerca de 16 anos para a Microsoft recuperar os níveis de preço da era “dot com”

Antes de mergulharmos na avaliação de um negócio, é importante recordar que mesmo empresas sólidas e bem estabelecidas, como a Microsoft, já enfrentaram períodos de desvalorização no mercado. No caso da gigante da tecnologia, levou aproximadamente 16 anos para recuperar os níveis de preço alcançados durante o auge da bolha “dot com”. Dessa forma, fica evidente que o preço pago por um investimento tem um impacto significativo no retorno obtido, portanto grandes negócios podem ser péssimos investimentos

Vamos dar uma olhada em como avaliar um negócio

A avaliação de um negócio é uma tarefa complexa que envolve a análise de diversos fatores. No entanto, ao longo deste artigo, vamos explorar algumas das principais métricas e abordagens utilizadas pelos investidores para determinar o valor de uma empresa e sua atratividade como investimento.

O índice P/L pode ser uma medida ruim de avaliação 

Primeiramente, é fundamental destacar que o índice P/L (Preço/Lucro) nem sempre é uma boa medida de avaliação. Isso ocorre porque o índice P/L não leva em consideração a qualidade do negócio que você está adquirindo. Portanto, um negócio com P/L de 25 pode ser mais valioso do que um com P/L de 5, dependendo de fatores de qualidade como:

  • ROC (Retorno sobre Capital)
  • Rendimento do FCF (Fluxo de Caixa Livre)
  • Crescimento da Receita/FCF
  • Conversão de Caixa

Além disso, o “L” no “P/L” pode ser manipulado, o que torna o índice ainda menos confiável. Em vez disso, uma métrica mais apropriada para avaliar a rentabilidade de uma empresa é o fluxo de caixa livre (FCF).

Utilizando o rendimento do FCF como métrica de avaliação

O rendimento do FCF é uma métrica que considera o fluxo de caixa livre gerado pela empresa em relação ao seu valor de mercado. A fórmula para calcular o rendimento do FCF é:

Rendimento do FCF = Fluxo de caixa livre / Valor de mercado

Geralmente, esse número varia entre 2% e 6%, dependendo da qualidade e do crescimento do negócio. Para ilustrar essa métrica, vamos utilizar a Microsoft como exemplo.

Atualmente, a Microsoft apresenta um rendimento de FCF de 2,71%. Então, é interessante comparar esse rendimento com a taxa livre de risco (rendimento do tesouro de 10 anos) ou com o rendimento de FCF do S&P 500.

Rendimento do FCF do S&P 500: ~2,8%

Taxa livre de risco: 3,5%

É importante notar que o rendimento do FCF da Microsoft é menor do que ambos. Contudo, isso não significa necessariamente que a empresa esteja com uma avaliação inadequada. Para entender melhor esse aspecto, é preciso analisar a qualidade do negócio da Microsoft.

Avaliando a qualidade do negócio da Microsoft

Existem diversas maneiras de avaliar a qualidade de um negócio. A abordagem que vamos utilizar neste artigo é inspirada por Terry Smith. Para analisar a qualidade do negócio da Microsoft, vamos considerar os seguintes fundamentos:

  • Crescimento CAGR de 5 anos: 17,13%
  • Margem bruta: 68,40%
  • Margem de FCF: 31%
  • ROCE de 5 anos: 23,8%
  • CCR de 5 anos: 112%
  • Dívida para FCF: 1,3x

Com base nesses fundamentos, é possível concluir que a Microsoft é uma empresa de alta qualidade, com um balanço patrimonial sólido e uma forte vantagem competitiva no mercado. Além disso, a empresa é uma máquina geradora de caixa, com fluxos de caixa livres que provavelmente crescerão acima de 10% ao ano no futuro previsível.

Ao comparar a qualidade e o crescimento do negócio com um rendimento de FCF de 2,71% em relação a uma taxa livre de risco de 3,5%, a Microsoft parece ser um investimento atraente. Isso ocorre porque, enquanto a taxa livre de risco nunca crescerá, os fluxos de caixa da Microsoft certamente crescerão.

Comparando a qualidade do negócio com outros índices

Além da análise da Microsoft, é possível realizar uma avaliação completa da qualidade do S&P 500 para determinar a qualidade do índice como um todo (semelhante ao que a Fundsmith faz com o FTSE). Ao fazer isso, fica evidente que o S&P 500 não se compara à qualidade da Microsoft, mesmo excluindo os piores desempenhos.

Utilizando a análise de fluxo de caixa descontado (DCF)

Outra abordagem útil para avaliar a qualidade de um negócio é realizar uma análise de fluxo de caixa descontado (DCF). Essa técnica leva em consideração o valor presente dos fluxos de caixa futuros que a empresa gerará.

A parte mais desafiadora da análise DCF é estimar as taxas de crescimento futuras. Para isso, podemos utilizar três cenários distintos:

  • Melhor cenário: 15%
  • Pior cenário: 8%
  • Cenário normal: 11%

Com base nesses cenários, obtemos um valor estimado ponderado de aproximadamente US$ 1,6 trilhão para a Microsoft. A análise DCF sugere uma desvalorização de 27% na empresa. No entanto, o cenário normal de crescimento de 11% nos fluxos de caixa indica um retorno anual de cerca de 7,5% (considerando um múltiplo terminal futuro de 20 – por exemplo, rendimento de FCF de 5%). Vale lembrar que esse retorno dependerá de diversos fatores no futuro.

Pensamentos finais

Ao investir, é mais importante identificar um excelente negócio do que encontrar um negócio com uma avaliação excepcional. Por isso, é fundamental focar os esforços na busca de empresas de alta qualidade, analisando métricas como o rendimento de FCF, a qualidade do negócio e o potencial de crescimento.

No entanto, é crucial levar em conta o preço antes de investir em qualquer empresa. Por mais que uma empresa seja sólida e promissora, pagar caro demais por ela pode comprometer os retornos futuros do investimento.

Ao utilizar as ferramentas e abordagens apresentadas neste artigo, é possível tomar decisões de investimento mais informadas e fundamentadas, aumentando as chances de obter retornos satisfatórios no longo prazo.

Outras considerações ao avaliar um negócio

Além das métricas e abordagens discutidas anteriormente, é importante levar em consideração outros fatores ao avaliar um negócio. Entre eles, destacam-se:

Governança corporativa

A qualidade da governança corporativa é um elemento essencial para o sucesso de um negócio. Investir em empresas com uma gestão ética e transparente pode minimizar riscos e contribuir para a criação de valor no longo prazo.

Concorrência e posicionamento no mercado

Analise o setor em que a empresa atua e sua posição no mercado. Entender a dinâmica competitiva e a vantagem competitiva da empresa (também chamada de “fosso” ou “moat”) é fundamental para prever seu desempenho futuro.

Riscos externos

É importante avaliar os riscos externos que podem afetar o desempenho de um negócio, como fatores macroeconômicos, mudanças regulatórias e tendências do mercado. Esses fatores podem ter um impacto significativo no valor da empresa e em seus retornos futuros.

Diversificação de receitas e geográfica

Empresas com fontes diversificadas de receitas e presença geográfica têm maior resiliência em face de adversidades e mudanças no mercado. Investir em empresas diversificadas pode reduzir o risco de seu portfólio.

Sustentabilidade e responsabilidade social

Cada vez mais, investidores estão considerando fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) ao avaliar empresas. Investir em empresas com práticas sustentáveis e socialmente responsáveis pode gerar retornos atraentes e contribuir para um futuro mais sustentável.

Em suma, a avaliação de um negócio é uma tarefa complexa que envolve a análise de diversos fatores. Ao considerar aspectos como o rendimento de FCF, a qualidade do negócio, o potencial de crescimento, a governança corporativa, a concorrência, os riscos externos, a diversificação e a sustentabilidade, é possível tomar decisões de investimento mais informadas e aumentar as chances de obter retornos sólidos no longo prazo.

Conclusão sobre grandes negócios podem ser péssimos investimentos

Investir em empresas de alta qualidade é um dos caminhos para obter sucesso no mercado de ações. Entretanto, é essencial lembrar que até mesmo grandes negócios podem ser péssimos investimentos se você pagar um preço alto demais por eles.

Ao utilizar métricas como o rendimento de FCF, a qualidade do negócio e o potencial de crescimento, é possível encontrar oportunidades de investimento promissoras. Além disso, ao considerar fatores como governança corporativa, concorrência, riscos externos, diversificação e sustentabilidade, você pode minimizar os riscos e aumentar as chances de obter retornos atraentes no longo prazo.

A avaliação de um negócio é um processo que exige estudo, dedicação e paciência. No entanto, ao dominar as ferramentas e abordagens apresentadas neste artigo, você estará mais bem preparado para tomar decisões de investimento inteligentes e bem fundamentadas.

Lembre-se sempre de que, no mundo dos investimentos, a qualidade de um negócio é importante, mas o preço que você paga por ele é igualmente crucial. Portanto, grandes negócios podem ser péssimos investimentos, continue aprimorando suas habilidades de avaliação e busque oportunidades que ofereçam o equilíbrio ideal entre qualidade e preço.